Dicas de fotografia – Iluminação, tudo ou nada.

Seguindo com sua nova máquina fotográfica, vamos falar um pouco sobre iluminação, neste ponto não existe meio termo – é tudo ou nada, ou fica muito bom ou muito ruim de uma vez só. As vezes um registro muito bacana vai por água abaixo.

O Arco do Triunfo foi inaugurado em 1836 em homenagem a Bonaparte, o lado mais bonito da Praça Charles de Gaulle, é bom saber este histórico se você for apresentar a foto abaixo para alguém, pois sem legenda pode ser confundido com outros tantos lugares que possuem monumentos parecidos.

Arco do Triunfo

Como poderia ficar melhor esta foto? Focando o lado iluminado do arco, lado oposto ao que foi clicado, mesmo a luz tênue seria suficiente para ficar muito bacana. Outra alternativa seria trabalhar a ASA, mas fica isto para outra dica. Vamos seguir com iluminação básica.

Aproximadamente no mesmo horário da foto do Arco do Triunfo, foi feita esta abaixo, linha férrea em Dublin, com uma iluminação mais próxima e sem o uso do flash, veja o resultado:

DSCN0236_equilibrio da luzQuando não se tem a iluminação ideal é necessário ter imaginação, criatividade e arriscar vários cliques, os resultados costumam ser muito bons.

Quem já fotografou um por de Sol sabe as dificuldades para esta foto se não dispõe de filtros, equipamento de ponta e etc.., mas com a sua máquina digital você consegue fazer grande fotos, é só esperar o momento certo, deixar o Sol baixar ou se esconder nas nuvens mais pesadas e captar toda a iluminação que fica espelhada em mar e nuvens, pre-formando um cenário magnífico, aguardando só o seu “click”:

IMG_0574_equilibrio da luz 

As outras fotos feitas durante o dia são mais fáceis e você irá acertando a mão com o tempo!

Boas fotos!!

Descontentamento em razão da expectativa

Em um daqueles dias que não sei ao certo a medida do que se pode traduzir de um sentimento mais confuso que a propria mente, resolvi ouvir dos sábios – uns mais outros menos – seus conselhos…

 

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Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.

Mahatma Gandhi

A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.

Martin Luther King Jr.

E se temos de falar de coisas sagradas, só o descontentamento que o homem experimenta de si próprio e a sua vontade de melhorar me são sagradas.

Máximo Gorky

O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por nao viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.

Dalai Lama

Se recolhes um cachorro faminto e lhe deres conforto ele não te morderá. Eis a diferença entre o cachorro e o homem.

Mark Twain

O homem nunca poderá ser igual a um animal: ou se eleva e torna-se melhor, ou se precipita e torna-se muito pior.

Vladimir Soloviev

Alcy - Quando eu for rei - Poesia

Quando eu for rei setembro/2008

Meu reino será como Pasargada de Manuel,
Menos talvez machista, darei alguns direitos à mulher
Menos o de deixar de ser mais sensível que o homem,
Menos o de abortar sonhos lânguidos ao ruído baixinho de riacho,
Menos o de não querer amar e muito menos o de querer amar um,

Será como a mansarda de Pessoa, os sertões de Euclides
Sensível, imprevisível, aceitável.
Terá trens em todas as direções,
Trens noturnos de viajantes esperançosos,
Whiskie com guaraná, porções de bolinhos de carne seca do Valadares,
Garçons espertos como o Baixinho ou o Mane, leitores de cartões wireless
Varanda nos vagões, demoras que passam por estações,
Homens distintos de sonhos impossíveis, madrugada até o meio dia

Vendedores de brincos e bijuterias, versos recitados à mesa,
Banheiros limpos e remédio para taquicardia,
Estações bucólicas entre montanhas,
Táxis sempre prontos, motoristas discretos,
Casinhas com lareira na colina,
Hotéis sem mofo nem cheiro,
Mariatis que dispensam propina

Policia holandesa, permissividade francesa,
Safadeza brasileira, discrição húngara, beleza russa.
Saias só justas e acima do joelho,
Vestidos só hippies e espaçosos com bordados indianos,
Ternos só italianos, sapatos alemães.

Coxas grossas e punhos de aço nas mulheres,
Morenas, mamelucas, índias, brancas, rosadas e muticor.
Peito largo e braços fortes nos homens,
Corados, barbeados, rastafari, o que quiser.

Hino nacional do Raul cantado por Caetano e Ana
Doze bandeiras, uma por mês no mastro,
Doze religiões, todas de uma vez
Nenhum ministro, muitos amigos.

Restaurantes com estacionamento gratuito,
Comida aprazível de todos os matizes,
Bolsa artista para quem a fizer ou mostrar
Camburões só de cevada, gelo a vontade.
Fusca pra todo mundo.
Um só imóvel por pessoa,
Bancos que imprimem quanto se precisar – sem gerentes nem filas.

Inexiste o aluguel e as empresas de cobrança,
Inexiste pobreza e vingança.
Inexiste roubo e arrogância.
Fica extinta dor sem remédio e morte sem sono.

Policiais serão policiais,
Bandidos, bandidos,
Amantes, amantes,
Ficará extinto o direito a duvida, o ônus da prova
O casamento

Banheiras e espuma em todas as casas,
Imposto por tristeza compulsória,
Pelo menos cinco amigos do peito para cada peito
Pelo menos cinco semanas de férias alem das férias
Só se trabalhará por prazer,
Sabão, azeite, feijão com carne seca e macarrão com molho para todos.

Quando for rei a frota real ficará a disposição
Porque pelo menos uma vez na vida
Se deve acelerar o V8 presidencial,
Levar os amigos na limusine papal,
Namorar no Jaguar imperial,
Voar na mansão alada real.

Quando for rei, meu reino será Avalon
Sem brumas nem guerras,
Cálices para conhaque, taças para vinho e copos para o resto
Fica extinto o assedio, a solidão e os distúrbios mentais.
Ficam extintas as viagens do rei a outros reinos,
As bermudas para as mulheres e os shorts para homens.

Fica abolido o self-service e a indolência
Batom, rouge, pintura de cabelo, meia fina,
Torresmo com farofa grossa e gordura de porco,
Plástica e combustível por conta da casa.

Crianças até quando quiserem,
Peixes nos rios, água potável, limpeza austríaca
Fica abolido o fósforo e a pólvora,
Fica banido o ciúme doentio.
Fica permitido o ócio

Quando eu for rei,
Esta será a lei; as outras revogadas
E ponto.
Está pronto.

Alcy Paiva

Alcy - Dois Quarteirões depois da Caps Lock (Em construção)

No meu teclado mora uma formiga. Dessas pequenas que não se sabe ao certo se faz mal ou bem quando misturada ao café com leite. Todos os dias, quando ligo o computador, ela sai lá de dentro sonolenta e atrapalhada. Corre por sobre o teclado, entra aqui e ali pelas frestas entre as teclas e eu tomo cuidado para não esmaga-la porque também estou dormindo ainda. Depois de algum tempo, desaparece mesa afora e as vezes a encontro tentando ler os papeis impressos. Não me parece que goste de manuscritos.

Fico pensando no barulhão que devo fazer ao acionar das teclas lá dentro e confesso que algumas vezes aperto devagar a tecla F11 antes de ligar o computador. É que ela deve morar entre a Print Screen e a F12; sempre a vejo saindo de lá. Fico imaginando ela dando o seu endereço residencial para as colegas.

Bom, mas o fato é que nunca havia imaginado que o teclado fosse um condomínio de formigas, até vira-lo ao contrario num dia em que a tecla Num Lock se recusava a funcionar. Saíram dúzias de dez pequenas formigas alem de pedaços minúsculos de pão ou coisa parecida e vários cabelos brancos. Não tinha me dado conta também de que meus cabelos estivessem caindo.

Depois da indignação pelos cabelos e casquinhas de pão levadas para o interior do teclado, fiquei pensando na sociedade de formigas que se havia montado bem na minha frente, sem que eu me desse conta. Talvez a formiga primeira tivesse mandado buscar na cidade dela as suas parentes dizendo que havia adquirido, aqui na capital, um bairro inteiro e que era preciso habita-lo antes que outras famílias o fizessem.

A formiga que eu via não deveria ser a mesma. Também seria impossível distinguir quem era quem e elas devem ter treinado para evitar que eu descobrisse que ao invés de uma formiga solitária, todo um clã numeroso habitava no teclado. Depois da descoberta, passei a prestar mais atenção nas suas atividades.

Lá pelas 10 e tanto da manhã o sol bate na minha mesa de trabalho e, não sei se é porque descobriram que já sei do seu segredo, se é porque nessa época do ano o sol entra numa inclinação ideal para a saúde das formigas ou se é só porque agora percebo que elas estão por ali, mas o certo é que muitas delas saem como que para passear. Algumas saem aos grupos e penso que talvez seja uma excursão da escola infantil até algum parque de diversões ali próximo.

Sei que serei motivo de riso se essa história se espalhar mas acho que me faz bem ao ego ser um benfeitor para aquelas formigas. Talvez até mereça uma praça com meu nome ou um lugar de destaque em suas orações. Num mundo onde não se pode ver uma bichinha dessas que logo se corre para mata-las, fico eu acobertando um bairro inteiro delas. Não admito que a faxineira encoste em minha mesa de trabalho, sob pretextos mil, alegando que a desordem que reina é justamente a organização que não se vê, porque lá sei aonde estão todos os meus papeis e se mudarem a ordem nunca mais conseguirei trabalhar direito. Por outro lado, vez por outra levo um misto-quente para comer enquanto trabalho porque é certo que algumas casquinhas irão cair para ajudar no lanchinho das formigas.

Certo dia receie que a comunidade tivesse sido descoberta quando tive que recusar o presente de um teclado sem teclas, sem frestas nem nada, eletrônico segundo me disseram. Bastava roçar o dedo sobre a letra e ela já aparecia na tela, sem barulho nenhum. Foi o que precisei para dizer não: eu disse que o barulhinho das teclas, o clank clank é que me dá a exata noção do quanto trabalho. Nessa tarefa espinhosa de recusa minha mulher me ajudou pois disse que sem o barulho ela também não saberia se estou trabalhando ou dormindo na frente do computador que ela não consegue ver com facilidade enquanto cuida da administração da casa e de tudo mais.

Às vezes me estendo até mais de duas da madrugada usando o computador e vejo uma ou outra fazendo um passeio noturno, ou talvez deva ser um guarda noturno, afinal as formigas são muito organizadas. Vez por outra penso que elas também estejam pensando em mim:

- Pô ... esse cara não se toca que já são duas da madrugada e nós precisamos dormir para acordar cedo e ir trabalhar?

- Calma querido. Você não percebe que ele está doente da cabeça. Fala até com formigas!

- É... você deve ter razão... melhor deixar esse xarope pra lá.

Ai viram pro outro lado e dormem, certos de que o deus das formigas os abençoará por serem tão compreensivas e complacentes.

Quanto a mim, continuo aqui sem entender como meus próprios cabelos vão parar dentro do teclado, uma vez que não escrevo com a cabeça sobre ele.