O Meu Pai

Já faz algum tempo que rascunho uns escritos em referencia a meu pai, de quem herdei o nome completo, além do gênio e da coragem de começar uma nova vida a cada novo dia, mas não pense o leitor que é tarefa fácil, nem está sendo. Já faz tantos anos que ele se foi e todos os dias quando olho para a sua foto na parede de meu escritório em casa, digo “boa noite meu velho”, várias foram as vezes que respirei fundo buscando ar que faltava e senti o seu perfume ou como ele gostava de dizer “o seu pafun”.

Para buscar inspiração eu recorri ao livro “Antes do Banquete das Traças” da autora Ângela Maria de Paiva Gondim, minha tia, irmã de meu pai e portadora de uma luz grandiosa, lendo o capítulo que minha tia escreve sobre o seu irmão Sérgio, descobri que também lhe faltaram palavras tanto quanto a mim, transcrevo a seguir.

Para Falar do Mano Sérgio

Eu precisaria de um pincel com as cores da alegria, uma brisa mais rápida do que as cilindradas de uma moto 125. Eu precisaria de uma colherinha de irreverência, uma pitada do perdão que nem sempre dei, uma boa dose do carinho com que ele tratava a “Nêga dourada” e muitas gotas das lágrimas que tantas vezes engoli.

Eu precisaria de uma tinta onde houvesse uma mistura de coragem, paciência e compreensão. Eu precisaria também de uma mente aberta para ver nos outros as mil coisas bonitas que cada um tem. Eu precisaria de um amor ainda maior, sim, MAIOR, maior que a dor, do que a tristeza... Maior do que a morte.

Que me perdoem Silvia, Violeta, Alci Neto, Sérgio Jr., Roberta, Camélia e Luciana, mas eu não consigo. Quem sabe um dia...
(Antes do Banquete das Traças - 2009 - Angela Maria de Paiva Gondim - Pg 51)
De muito que vivi ao lado dele e do que tantas pessoas já tentaram também, ninguém conseguiu em palavras descrever a força do companherismo que aquele homem transmitia a todos a sua volta, em toda a sua existência niguém ao seu lado sentia-se sozinho, ele estava lá.

Como fotógrafo recorri a meus históricos, arquivos e acervos pessoais buscando uma de suas fotos que de forma emblemática pudesse traduzir o amor, carinho e atenção que meu pai servia a todos. Nada.... nenhum de meus trabalhos serviria.

Assim foi que passeando entre os trabalhos de amigos fotógrafos de Portugal eu me deparei com o trabalho que apresento a seguir:

pai e filho
(http://olhares.aeiou.pt/father_and_son_foto1449354.html)

Esta trabalho é de autoria da Giselle Siedschlag, que em minha análise possui o dom que poucos fotógrafos conseguem ter, sensibilidade intuitiva, isto nem se trata de dar o crédito ao autor, mas de dar o devido reconhecimento a quem de fato tem a arte nos olhos.
Bom, mas continuando com o que eu falava sobre meu pai, tai a foto da Giselle que me mostra exatamente o que foi o meu pai em minha vida, um companehiro mais que amigo irmão, que soube me educar com doutrina e seriedade, sem nunca faltar amor e o carinho do ombro amigo quando as coisas não davam certo.

Este que segue é o meu pai. Etérno pai, fiz questão de não trabalhar a foto, deixa ai o original, como ele sempre o foi - origianl e único.

pai

Com saudades e amor.
Teu filho

2 comentários:

  1. Oi Sérgio! A família tem um papel importante para nós, eles são os nossos espelhos!
    Parabéns pelo texto e obrigada pela visita em meu Blog.

    Estarei lhe seguindo!

    Bjos

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  2. Sérgio!Muito me emociona meu olhar ter se prestado a um sentimento tão nobre e à memória absolutamente afetiva de tua vida ! O texto é belíssimo , inebriantemente doce ! Parabéns e obrigada a teu olhar para o meu . Abraços , Giselle Siedschlag

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