Adoção por homossexuais

Lá se vai outro assunto polêmico, mas este Blog também é polêmico.


Tudo tem um começo, e o que me motivou a escrever sobre este tema foi um e-mail de um amigo, muito querido por sinal, repassando uma mensagem de sua igreja protestante, criticando todo e qualquer pensamento sobre adoção por casais de mesmo sexo – abominável, desgraça, coisa do demônio e etc. Normalmente não leio email repassado, quando vejo aquelas duas letras “RE:” na frente da mensagem já deleto, mas este era de um amigo, então li. Li e fiquei incomodado, precisava dizer alguma coisa, escrever alguma coisa a respeito.

Relutei um pouco pensando em escrever sobre o tema, é um assunto polemico, a sociedade ficará incomodada... - pronto, decidi escrever, gosto de fazer com que a sociedade saia de sua zona de conforto, convidar o ser humano a pensar, filosofar com inteligência, desgarrado de todos os preconceitos enraizados, no meu tempo dizíamos que era um “papo cabeça”. Comecei a pesquisa.

Normalmente antes de escrever sobre qualquer assunto eu inicio uma pesquisa profunda sobre o tema, construindo assim bases para estruturar o raciocínio que guiará a escrita. Com este tema não foi diferente e pude me aproveitar do vasto conhecimento de minha esposa que defendeu uma tese sobre adoção por homossexuais. Dediquei assim 1 hora de estudo diário por 4 meses, uma média de 120 horas, mais de que a carga horária de muitos cursos.

A Internet coloca um vasto material sobre o assunto e fiz uso dos livros de minha esposa como complemento, com tudo isto – daria para montar uma biblioteca - pude analisar e ter o entendimento que cada lado defende e ofende.

Analisei as criticas contundentes dos evangélicos, católicos, políticos, feministas, machistas, homofóbicos e femofóbicos (abre o teu Aurélio e insere lá na letra F). Tudo o que todos escrevem é lindo, apostolicamente lindo, mas... – tem sempre um “mas” – depois do estudo teórico fui para a analise comparativa com a vida prática.

Depois de tudo compilado, restava começar a escrever. Mas escrever o que mesmo? Tudo o que precisava ser dito e escrito já foi, está à disposição de todo o público – tem matérias em jornais gratuitos também. Bom, então só me resta responder aos que me questionaram durante a pesquisa.


A melhor resposta para os religiosos, não é minha, procurei contato com o autor, mas não obtive resposta, transcrevo com a devida referencia:

“...Engraçado que em nome de Deus as pessoas espalham o ódio sobre a terra. Ao contrário do que dizem e pensam os cristãos, se não fosse o amor de Cristo, enquanto aqui esteve, muitos teriam sido mortos: se não fosse Jesus, a mulher adultera teria sido apedrejada como mandava a lei, se não fosse Jesus a mulher do fluxo de sangue teria voltado pra casa sem sua cura, pois os discípulos acharam quer era uma historia pra enrolar o Mestre, que aliás, onisciente, sentia o que estava acontecendo, se não fosse Jesus o Zaqueu não teria sido salvo, pois os homens só viam seu exterior.... não julgueis, pois com a medida que julgares, vos julgarão - foi o que disse Jesus...”
Natanael Gusmão
23 de agosto de 2010 | 15h 25
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,stj-reconhece-validade-de-adocao-por-casal-homossexual,543774,0.htm


Já para os políticos a resposta é minha, sabemos que a classe política é movida por adesões de empatia pública, se perceberem que soltar balão – aquele que incendeia florestas inteiras – traz o público para si, o seu marketeiro terá que bolar um slogam rápido, alardeando o vasto apoio de seu candidato aos baloeiros de todo o Brasil, vamos propor uma agremiação, campeonatos estaduais com grandiosa final nacional, quiçá incluir nos jogos olímpicos. A oposição por sua vez vai tratar de resmungar, falsificar uma foto de seu opositor queimando um caminhão de balões no ano passado, e por ai vai o filme que já assistimos tantas vezes.


Reúno os feministas, machistas, homofóbicos e femofóbicos (já consta no teu Aurélio), para minha resposta no atacado: Vocês, por acaso, estão com medo de perder a vaguinha?? Porque quando se tem a exata certeza de que se conhece, nada no mundo externo te abala a ponto de você fazer uma passeata. Larga a mão de ficar levantando bandeira que você não escreveu e vai ajudar a estas crianças, para de reclamar dos que os outros não fazem e faça a sua parte.


Resposta aos extremistas de todas as classes: Extremista não merece resposta – o silencio ajuda a mente a encontrar o teu próprio silencio.


Voltemos ao assunto em questão – Adoção por casais de mesmo sexo.



Como muitos sabem, meu trabalho já me fez conhecer o Brasil por completo e percorrer vários países deste e de outros continentes, como sempre fui pró-ações sociais voltadas a crianças carentes, procuro em todos estes lugares uma oportunidade de fazer algo por elas, nem que seja só por um dia e adoro fotografá-las – percorram este Blog e verão vários destes pequeninos, elas ficam felizes sendo fotografadas. Infelizmente 99,9% destes pequeninos estão largados no mundo, seja por abandono, por guerras – estes é o pior caso que convivo - ou por outros motivos, o fato é que elas estão lá esperando que alguém faça alguma coisa que lhes dê uma esperança, umazinha só.

Parte da sociedade, por pura hipocrisia (já explico), se coloca contra estas crianças quando engrossam fileiras das negativas de que sejam adotadas por casais de mesmo sexo. Posso dizer que por tudo o que eu aprendi no estudo feito, eu apóio a causa e – agora é minha vez de gritar – por favor adotem estas crianças, seja por casal de mesmo sexo, sem sexo, de sexo diferente, um grupo, uma sociedade, uma igreja, vai ai uma boa dica, porque as igrejas em suas inúmeras variações não se unem e adotam as crianças órfãs de sua região? Se tanto sabem falar sobre o que não deve ser feito, devem muito saber o que deve ser feito. Imagino a batalha jurídica que isto daria, a mesma que os casais de mesmo sexo travam.

Ia esquecendo de explicar o “por pura hipocrisia”. No meio deste estudo tive a oportunidade de conhecer e conversar com muitos representantes de várias classes, dois deles me chamaram muita a atenção – marcaram, um padre católico e um pastor protestante.

Dei um azar enorme – dois raios que caíram no mesmo lugar. Fazendo o levantamento dos fatos e opiniões que relataram para poder escrever com fundamento, veio a tona que o padre em questão foi acusado de pedofilia e defende-se atualmente de um processo deste caso que teria ocorrido em 2002. Por morar em cidade pequena onde todos, ou se conhecem ou de tudo ficam sabendo, soube também que o pastor separou-se a 5 anos, sua ex-esposa alegava na época que ele era gay e que por conta disto o esconjurou porta a fora, os filhos evitam falar no assunto. 


Em resumo meus queridos, nada que querer fazer uma nova guerra com base na sua justiça, se ela é sua, pronto, siga ela e ponto final, larguem a hipocrisia de lado, se movimentem para de fato ajudar as crianças. Deixem que cada um siga o seu caminho, não queiram obrigar que os outros sejam o que voce acha que é certo e sigam a velha receita... um copinho de tolerância ao despertar e outro bem cheio antes de dormir – ta na hora de tomar o meu.

Até a próxima.

7 comentários:

  1. Fico satisfeito por ter contribuído de alguma forma para o seu trabalho. O assunto é polêmico, mas nem por isso impossível de ser enfrentado. Basta querer!

    Belíssima postagem!

    Um abração...

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  2. Sérgio, olá! Venho bisbilhotar em tuas escritas e já o primeiro texto que leio me encanta. O assunto me encanta. Sao tantas crianças precisando de afeto neste mundo, e os adultos seguem nessa bobice de colocar Deus à frente de discriminações tao sem sentido. Um dia, daqui a algumas décadas, vamos olhar para trás e achar muito triste este preconceito que o mundo viveu. Tal como aconteceu com os negros e judeus.
    grande abraço!

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  3. Assim se constroi um mundo melhor, amei tudo o que li em teu blog, voce escreve com a alma e com muito humor.

    Beijo
    Antonnele

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  4. Que delícia! Voce transforma um assunto polemico em facil leitura!

    Boa sorte e escreva mais!
    Adalberto

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  5. Sou suspeita em fazer qualquer comentário sobre esse assunto. Em 2007 defendi essa tese, diante de inumeras pessoas de varias religiões.
    Uma materia muito polemica, que causou grande reboliço na faculdade, mas fez com que muita gente repensasse sobre o assunto.
    Parabéns meu amor. Bjs

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  6. Eu acho que as crianças precisam de um lar sim, mais eu acho também que seria muito constrangedor crescer achando que a homossexualidade é normal, porque não é.
    A criança tem direito de crescer sem (pelo menos na infância)ver discriminação preconceito e etc... é muito complexo esse assunto, e como vc escreveu ali em acima q os "gays" estão preocupados em fazer passeata em favor deles, pq não vai fazer algo que preste; Criar uma criança não vai prestar pq, uma pessoa que se presta a isso, nao tem sabedoria nem maturidade pra criar uma vida. Então eu sinceramente sou contra, porque tem muitos casais querendo adotar, mais tem que comprovar renda e isso implica na adoção, porque não amenizar essas leis? eu acho bem mais SAUDÁVEL. Por isso concluo: pode ser minha opnião, mais as crianças desse mundo tem direito de ter uma infância feliz,sem ter que presenciar certos tipo de coisas.

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  7. A família deveria ser um espaço de muito amor e
    nem sempre vemos isso, basta que nos inteiremos
    dos acontecimentos diários. Não é o fato dela ser legalmente e religiosamente constituída que
    vai proporcionar esse bem estar esperado, crianças educadas para enfrentar a vida e crescer sem preconceitos. Já é hora de colocarmos luz em nossos olhos e ver as pessoas apenas como seres humanos. Leis existem para agasalhar os indivíduos e podem/devem ser alteradas para satisfazer as necessidades sociais.

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